segunda-feira, 19 de novembro de 2007

DIÁRIO DO NORDESTE - [Artigo] Reflexões de viagem

Fui criado ouvindo os ensinamentos cristãos e praticando seus atos religiosos. Freqüentei até o Seminário Diocesano de Sobral, por dois anos, a paisano, recebendo os mesmos ensinamentos dos seminaristas, enquanto era concluída a construção do Ginásio Sobralense, para onde passei, depois, por um ano. Meu avô materno, Luiz Dias da Fonseca, ao adquirir o uso da razão, mudou o nome para Luiz Dias da Cruz, por ser muito católico e haver nascido no dia 3 de maio, considerado o dia da Santa Cruz, gerando, pois, aí, a origem do sobrenome Cruz da minha família, por parte de mãe. E de meu avô recebi o nome de Luís Cruz. Vivia ele no sertão de Granja, atuando como criador e agricultor e foi a pessoa mais santa que conheci na vida e com o qual convivi quando criança. No meu fervor religioso, na minha pureza juvenil, ainda quando estudante no Seminário, certo dia, assistindo a uma missa, após uma comunhão, ajoelhado e de mãos postas, olhando para uma imagem de Jesus, pedi que ele penetrasse em mim e não me abandonasse nunca, mesmo se um dia eu chegasse a ser um herege como muitos. E os tempos se passaram, formei-me em Direito e abracei a carreira de advogado. E o espaço não dá para citar os inúmeros livros anticristãos que li. Mas, ao que parece, Jesus não me abandonou. Na viagem que acabei de fazer à Grécia e Turquia, vendo os muçulmanos adorando outro Deus e adotando outras práticas religiosas; admirando as ruínas de belos templos sagrados, de antigos deuses gregos; percorrendo a região de Éfeso, para onde foram morar São João e Maria, mãe de Jesus, por não poderem permanecer em Jerusalém, onde Jesus foi crucificado; e penetrando na casa reconstruída onde Maria teria vivido até a morte; tais fatos levam à crença de que Deus é um mito, de invenção humana. Entretanto, estou convencido de que a crença em Deus é imprescindível, porque alimenta a esperança dos fiéis de alcançarem algo que desejam, dá a convicção de salvação após a morte e a certeza da existência de um ser bondoso, a quem se pode recorrer em todo momento. É a fé que salva. E triste dos que não crêem, porque não têm a quem recorrer... Luís Cruz de Vasconcelos - Professor e advogado