sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O POVO - [Artigo] Consciência Negra

"Com a espada de Ogum/ E a benção de Olorum/ Como um raio de Iansã / Rasgamos a manhã vermelha/ Tudo ainda é tal e qual/ E, no entanto, nada igual/ Nós cantamos de verdade/ E é sempre outra cidade velha" (Os mais doces bárbaros, Caetano Veloso). Na próxima terça-feira, 20 de novembro, todas as pessoas que lutam pela igualdade racial e contra o preconceito e discriminação raciais, estarão comemorando mais um Dia Nacional da Consciência Negra, data que lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, sua atuação em defesa da igualdade e da liberdade e, especialmente, a trajetória e a resistência da população afrodescendente, vítima da maior violação de direitos humanos ocorrida na nossa história e que até hoje não mereceu a devida reparação. E o que é Consciência Negra? Para Steve Biko "é, em essência, a percepção pelo homem negro (pela mulher negra também) da necessidade de juntar forças com seus irmãos em torno da causa de sua atuação - a negritude de sua pele - e de agir como um grupo, a fim de se libertarem das correntes que os prendem em uma servidão perpétua." Conforme Nei Lopes é "ideologia que se expressa, na África e na Diáspora, mediante a aquisição pelo indivíduo negro, de autoconhecimento e de auto-estima em relação à sua originalidade étnica e cultural.". Para mim é o despertar da pessoa negra (pretos e pardos), mas também dos brancos, para a conquista, a luta e a afirmação dos direitos civis e constitucionais da população negra, principalmente, o direito da não discriminação e o direito da promoção da igualdade. Não basta que o Estado reprima e criminalize o racismo. Hoje, o essencial é o desenvolvimento de políticas governamentais que eliminem a desigualdade racial na educação, no mercado de trabalho e nos serviços públicos e promovam a eqüidade socioeconômica entre brancos e negros, garantindo a igualdade de oportunidades. André Costa - Advogado e Coordenador do Instituto Afirmação de Direitos.